Olá, amigos e irmãos em Deus!
Finalmente, chegamos ao último Orixá do nosso Estudo Resumido da Umbanda: Omolu.
Antes de continuarmos, eu gostaria de me desculpar com as pessoas que têm acompanhado o estudo. Eu me programei para publicar um Orixá por semana. Mas não saiu como planejado...
Também gostaria de agradecer à espiritualidade amiga, por me presentear com a permissão de divulgar esses estudos aqui no Blog. Acredito que esse estudo chegou àqueles que, assim como eu, precisavam se alimentar dessas palavras.
Então, pra não perder o hábito:
- De modo geral, na Umbanda, e especialmente no Cabocla Jurema, não acreditamos que os Orixás sejam deuses, tal como ocorre no Candomblé. Portanto, não os cultuamos de tal forma. Acreditamos que eles são representantes dessas energias/vibrações divinas e se expressam através das mesmas.
- Muito gentilmente, o Téo disponibilizou seu email para possíveis dúvidas: teofiloneves@gmail.com. Desta forma, gostaria de pedir a quem fizer uso desta ferramenta que tenha bom senso. Afinal, este também é seu email profissional. De preferência, identifiquem o email em "assunto".
- Segue abaixo um "mapa" dos 7 Chákras principais e os Orixás correspondentes. Lembrando que a cor na imagem não representa a cor do chákra, mas sim a cor do orixá representante.
LEMBRANDO QUE:
- Aqui não há espaço para intolerância. Vc pode (e deve!) discordar. Porém, como este não é um espaço para debate, guardemos isto para um espaço conveniente.
- Perguntas são muito bem vindas (que responderei à medida do que eu conseguir).
- As práticas e percepções da Umbanda podem variar entre os diferentes terreiros.
- Os textos aqui divulgados são de autoria de Teófilo Alves Neves que, indubitavelmente, é inspirado pela Espiritualidade Amiga e serão transcritos na íntegra como me foram passados.
- Os textos que serão publicados com este tema não têm o menor objetivo de "converter fiéis". Não acreditamos neste tipo de fé, mas sim em uma fé baseada na razão. O objetivo é divulgar uma Doutrina belíssima, que é baseada na paz, no amor e na caridade, mas que ainda é pouco conhecida e que, infelizmente, sofre com pré-conceitos.
- Por não serem textos apenas para os crentes nessa Dourina, é uma fonte interessante para aqueles que querem apenas matar a curiosidade.
OMOLU
Omolu é o último Orixá de nosso estudo resumido sobre as sete potências divinas. Nele se vinculam conceitos complexos, mas que apresentam o quão majestosa é a ação de Zambi no reformar de nossas vidas.
O mito do Orishá no culto de origem yorubana, como de costume, é bem variado, mas temos algumas estórias que são mais repetidas, nas quais nos apegaremos. Um desses contos nos apresenta que Obaluaiê, nome que se dá à imagem mais jovem do Orishá, é filho de Nanã Bureque. Esta ao perceber que ele adoeceu por varíola e não tendo como curá-lo deixou-o na praia para que a maré o levasse (à morte). A maré o toma, porém o leva a Yemanjá que se apiedando dele lhe cura, mas permanece com uma gama de cicatrizes. Após, mais moço, faz-se presente em uma festa dos Orixás e chama atenção por seu vigor ao dançar e por cobrir-se com palha-da-costa. Oyá fica curiosa e lhe descobre, limpando as cicatrizes remanescentes, até então escondidas. Por ser um Orishá que sobreviveu à doença e resiste à velhice é um dos poucos que apresentam uma forma muito cultuada de sua imagem mais velha e sábia, denominada Omolu. A morte também lhe é conectada no culto yorubano sendo visto como o Senhor Cemitério, a chamado Calunga Pequena, o “Campo Santo”.
Na Umbanda Omolu é o Orixá da Evolução. É nesta vibração cósmica que faz presente a vitória sobre as demandas de provas e expiações fruto do saneamento de nossos erros e defeitos. O mito de Omolu/Obaluaiê representa a sabedoria e humildade que provêm como consequência aos que se superam nos percalços, tornando-se pessoas melhores. Só vencemos as dificuldades quando elas provocam mudanças positivas em nosso pensar e em nosso agir. A mudança é a evolução, tão aclamada pela Doutrina Espírita como a Lei do Progresso. Podemos dizer que este é o Orixá da doença? Bem, isto é diminuir o alcance de uma vibração divina, além do mais, é como se crêssemos que Tupã se diverte com o nosso sofrimento. O melhor entendimento que temos sobre Deus o coloca sempre como justo e disto temos que Ele nos concede a todos oportunidades das mais diversas e variadas para que alcancemos nossa própria evolução, no entanto, nossa fragilidade moral e invigilância falam mais alto e, assim, provocamos desgraças pessoais e alheias de toda ordem que acumulam uma energia densa e negra em nosso espírito. Como Deus é amor e justiça nos entrega novas oportunidades para sanarmos o tanto de mal que causamos. Daí vem a doença, a miséria, os problemas... Situações dolorosas que são consequências de nossas atitudes pretéritas, mas que acontecem para o nosso melhorar e para higienizar os males que armazenamos em nosso corpo espiritual.
Omolu, como um mandamento de Zambi, não está no problema, mas sim na solução que dele se extrai. Assim como o jovem Obaluaiê sobreviveu à doença e o velho Omolu prevalece à morte, devemos extrair aprendizados dos nossos problemas para nos refazer, demore o tempo que for. Omolu/Obalueiê não se trata da doença mas sim da cura operada. A peste é consequência direta de nossas ações danosas já cura do espírito é a conexão que conseguimos reestabelecer com Deus.
Outra coisa que intriga na figura de Omolu é sua relação com a morte. Não devemos nos esquecer que a morte, tão temida por nós, é somente um dos muitos processos de passagem da vida na carne para a vida espiritual, a vida plena do ser. O período no corpo físico é um estágio da prova evolutiva de modo que reencarnamos e desencarnamos incontáveis vezes em nossa existência espiritual. Morrer é tão natural de nossa vida na matéria como o nascer e em ambas há oportunidade de aprendizado. O que ocorre com frequência é que face ao enorme apego à matéria que muitos espíritos têm, estes, mesmo após a morte do seu corpo físico, permanecem vinculados a eles num processo doloroso de desapego. Disto, muitos espíritos afinados com a vibração de Omolu protegem os cemitérios para que as dores do apego sejam limitadas somente aos que ainda não evoluíram o suficiente para serem permitidos viver de maneira mais plena em espírito.
No cemitério¹ há outra correlação importante que simboliza este Orixá como o Senhor dos mortos: é que mesmo já falecido o corpo físico este ainda mantém após certo tempo parte do fluído vital, cabendo aos espíritos afinados com a vibração de Omolu o manejo do elemento terra que tem o papel de magneticamente sugar e dispersar as energias ainda presentes, num processo de decantação energética. Cabe à terra absorver tanto a parte física com a astras das energias vinculadas a reencarnação.
A terra é, assim, o seu elemento de maior atuação. Terra que engendra enorme magnetismo e suga para si energias e espíritos desequilibrados. Essa mesma terra é capaz de reverter as energias danosas em energias benéficas. É sólida e firme, mas também morosa na elaboração desses processos.
Não devemos restringir a ação de Omolu à morte! Omolu é Evolução e esta se dá também pela vida, tanto que sua conexão ocorre mais fortemente pelo Chacra Básico, o chacra da vida, nos moldes dos estudos do Centro Espírita Cabocla Jurema, diretamente conectado ao elemento terra. Não é o que concede a vida (papel do Sacral), mas é o primeiro chacra a se manifestar quando do processo de casamento fluídico entre o corpo físico, em estágio embrionário-fetal, e o espírito reencarnante. Já quando do desencarne é o primeiro a desconectar-se de todos os chacras.
O Básico comanda funções essenciais e estruturais de nossa parte física, tais como ossos, articulações e sangue, estando diretamente vinculado com nosso comportamento de apelo mais instintivo: comer, dormir, reproduzir... Sobreviver! É o primeiro chacra. Se localiza na região abaixo do cócix e direciona sua energia em direção aos pés. Tem extrema vitalidade por ser a exata manifestação do fato de “estar vivo”, como fonte direta de vínculo com nossas necessidades mais básicas da existência carnal, conectado com os sentimentos de segurança e firmeza.
Quando estamos equilibrados vibra na cor vermelha, transmitindo tranquilidade, segurança e praticidade. Quando em desequilíbrio apresenta-se em comportamento materialista de exagerado apelo ao acúmulo de bens, preocupação excessiva com doenças, bem como também pode engendrar sentimentos de insegurança e pânico.
Por ser o chacra que vibra em maior densidade é o que representa o último estágio nas trocas energéticas entre nosso corpo espiritual e corpo material, sendo responsável por permitir a instalação, no corpo físico, de doenças presentes em nosso corpo espiritual, inclusive as de natureza pré-encarnatórias (Kárma). Chamado também de chacra Raiz, por seu contato com a terra, qual a árvore é por ele que se realizam trocas importantes de absorção e eliminação de elementos energéticos. Daí a importância que o Terreiro Cabocla Jurema dá ao estar descalços nos momentos de trabalho, pois com este simples ato facilitamos a absorção, pela terra em que pisamos, das energias desnecessárias e renovamos energias úteis.
Da mesma maneira como o Chákra Básico precisa estar enraizado para ser efetivo, o aprendizado que opera a reforma íntima também. Não bastam ações da boca pra fora, mas sim palavras e atos que exprimam a reforma de quem operou a mudança moral. Devemos estar com raízes sólidas e profundas na boa conduta, para que não caiamos nas ventanias da tentação do erro e da ignorância. Raízes estruturadas na paciência e na humildade. É neste panorama que muitos dos espíritos que se manifestam na Umbanda pela vibração de Omolu fazem uso da roupagem espiritual de Pretos Velhos², pois para vestirem tão honrosa patente é porque vivenciaram e encontraram júbilo nos percalços.
Grande parte dos espíritos iluminados que descem nos terreiros como Pretos Velhos operaram significativa reforma moral numa reencarnação como negros escravos, na qual foram humilhados, surrados, despojados, assassinados etc. Agora, com a serenidade de quem viveu e sublimou seus pensamentos às mais ultrajantes agressões é que vêm nos aconselhar em direção à melhora, pois entendem que tudo que passamos são efeitos de nossas próprias ações e se o Pai nos coloca a oportunidade é porque já temos condições de superá-las. Em alguns casos, só o tempo é capaz de curar certas feridas.
Numa concepção astrológica de Umbanda, Omolu representa-se pelo planeta Saturno, que tem o tempo nas mãos, por ser, na concepção mais tradicional, o que apresenta a maior viagem em torno do Sol.
Na tradição do terreiro representamos a vibração de Omolu pela junção das cores preta e branca, por informarem bem a ideia aqui exposta da vida e morte, da doença e da cura, início e fim, como dois lados de uma mesma moeda, pontas de um ciclo. A Evolução das trevas à luz.
Salve Omolu! Atotô Obaluaiê!!!
Tem o segredo da vida
Do começo e do fim
Oh, meu senhor das palhas,
Tenha muito dó de mim
Na procissão das almas
Que partem pro infinito
Ele vai mostrando a elas
Outro mundo mais bonito
Obaluaê
É Obaluaiê, é Obaluaiê, é atotô,
É Obaluaê, é Obaluaê.
Goiânia, 02 de abril de 2017.
(¹) Podemos concluir que o cemitério é um santuário natural de Omolu? Não. O cemitério é sim um Santuário e como tal deve ser respeitado, mas nele habitam uma gama de espíritos nefastos que agem como verdadeiros ladrões energéticos, sem contar uma porção de outros que lá trançam à procura de espíritos perdidos na culpa e no vício para cooptá-los ao mal. Com isso, queremos deixar claro que o entendimento do Centro Espírita Cabocla Jurema é de que as idas a cemitérios devem se restringir a levar, em muita oração, a vestimenta carnal daqueles que desencarnaram, pedindo que, se for do merecimento deles, estejam protegidos até o seu desenlace integral para o despertar no mundo espiritual. Entendemos que não há energia natural nesse ambiente capaz de servir como fonte para trabalhos no amor, posto que lá reina o desequilíbrio, de modo que se trata de um local que precisa de luz e não é fonte dela, face ao conteúdo mórbido que impera.
(²) Pretos Velhos é uma das três formas de manifestação contempladas pelo Centro Espírita Cabocla Jurema. Detalharemos mais sobre isso nos capítulos seguintes, mas é importante salientar que o que afirmamos com nossa prática e com a teoria é que, em regra, as entidades de Omolu se manifestam como Pretos Velhos. O que não impede, por variáveis das mais diversas, que outros espíritos afinados com a Vibração da Evolução se manifestem como Crianças ou Caboclos.
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