Olá!
Vamos à terceira parte do nosso estudo, que hoje traz o Orixá Xangô.
Mais uma vez, antes de transcrever o texto do Téo, vou relembrar algumas coisas:
- De modo geral, na Umbanda, e especialmente no Cabocla Jurema, não acreditamos que os Orixás sejam deuses, tal como ocorre no Candomblé. Portanto, não os cultuamos de tal forma. Acreditamos que eles são representantes dessas energias/vibrações divinas e se expressam através das mesmas.
- Muito gentilmente, o Téo disponibilizou seu email para possíveis dúvidas: teofiloneves@gmail.com. Desta forma, gostaria de pedir a quem fizer uso desta ferramenta que tenha bom senso. Afinal, este também é seu email profissional. De preferência, identifiquem o email em "assunto".
- Segue abaixo um "mapa" dos 7 Chákras principais e os Orixás correspondentes. Lembrando que a cor na imagem não representa a cor do chákra, mas sim a cor do orixá representante.
LEMBRANDO QUE:
- Aqui não há espaço para intolerância. Vc pode (e deve!) discordar. Porém, como este não é um espaço para debate, guardemos isto para um espaço conveniente.
- Perguntas são muito bem vindas (que responderei à medida do que eu conseguir).
- As práticas e percepções da Umbanda podem variar entre os diferentes terreiros.
- Os textos aqui divulgados são de autoria de Teófilo Alves Neves que, indubitavelmente é inspirado pela Espiritualidade Amiga e serão transcritos na íntegra como me foram passados.
- Os textos que serão publicados com este tema não têm o menor objetivo de "converter fiéis". Não acreditamos neste tipo de fé, mas sim em uma fé baseada na razão. O objetivo é divulgar uma Doutrina belíssima, que é baseada na paz, no amor e na caridade, mas que ainda é pouco conhecida e que, infelizmente, sofre com pré-conceitos.
- Por não serem textos apenas para os crentes nessa Dourina, é uma fonte interessante para aqueles que querem apenas matar a curiosidade.
XANGÔ
Xangô, face a construção do mito que está por trás da sua efetiva atuação, encampa uma porção de símbolos que alcançam um binômio poderoso de significado: justiça e equilíbrio.
O orishá Shangô tem, na mitologia yorubana, um contexto muito confuso, mas que podemos extrair alguns ensinamentos originais de muita utilidade. A mais corrente das estórias traz que Ele era um rei humano e que diante dos seus feitos tornou-se tão soberano que Olorum o elevou a Orishá. Sua contundência e liderança o manteve como Rei. Já como Orishá se assentou no reino natural na manifestação dos raios e nas pedreiras. Teve três Orishás como esposa, sendo conhecido por seu machado de dupla lâmina, sua vaidade, sua agressividade em fazer valer seu desejo e por seu elaborado poder de convencimento e articulação.
No culto do Candomblé é tão respeitado e cultuado que alguns dizem ser o primeiro Orishá a chegar a terras brasileiras, algo que muito provavelmente se deu pela forte presença de negros escravos vindos da região da Nigéria onde era mais venerado. É uma das explicações que fundamenta o fato de muitos candomblés serem chamados de Xangô, denominação muito presente em Pernambuco e na Paraíba.
Analisando a estória, percebemos que ela entrega uma porção de características que assemelham o arquétipo do Shangô yorubano àquelas que emanam da manifestação do chakra Frontal, que é reconhecido por ser o centro de nosso equilíbrio racional.
O estudo do frontal nos explica que é nele onde se manifesta nossa crítica objetiva, atenta aos fatos e extremamente apegada à realidade. Ensejando positivamente o equilíbrio e ponderação, características exigíveis de um líder (Rei) para que seja capaz de controlar as diversas tendências apaixonadas, sejam suas ou de seu povo. Faz-nos amparar em fatos, entregando muita firmeza e convicção, mas acima de tudo, o equilíbrio é fruto da verdade que nos parece cristalina e que no momento certo será do acesso de todos. Por outro lado, quando irradiado negativamente nos faz prepotentes e vaidosos, absolutos em crermos que somos portadores de uma “verdade” que precisa se impor pela força.
A seu turno, este centro de força é conhecido também como o “terceiro olho”, por ser onde se localiza a visão espiritual dos encarnados, a clarividência. Que nada mais é que uma expressão mediúnica na qual se permite ver parte da realidade do mundo espiritual. Tem sua cor de vibração o azul índico, exatamente por ser a cor de frequência imediatamente inferior à presente na manifestação do coronário.
Vislumbramos até aqui que sinteticamente há elementos conectores que aproximam o Orishá yorubano do chakra frontal, colocando-nos parte da essência do verdadeiro arquétipo da vibração original a qual denominamos de Xangô, que nada mais é que a justiça, que tem por objetivo alcançar a verdade que para existir deverá ser equilibrada e coerente à percepção de cada um. Tal verdade, como parcela do amor divino, é rígida como a rocha, apresentando-se irresolúvel ante as intempéries. O equilíbrio é simbolizado pelo machado que tem corte para os dois lados, asseverando que a justiça cósmica toca a todos com o fim de rasgar nossas mentiras e meias verdades que criam máscaras a falsear o que somos negativamente.
A justiça é qual o raio, certeiro e agudo no dissipar das farsas interiores, agente da providência divina. É o raio que acende o fogo que ilumina nossas mentes que só assim tem condições de divisar a nuvem de mentiras que estão à nossa frente. Sejam as que inventamos e passamos a acreditar, sejam as que nos contam e aceitamos por vaidade e prepotência.
A vibração original de Xangô é que maneja os processos kármicos, fazendo valer a máxima cristã de que “o plantio é livre, mas a colheita é obrigatória”. Pois a justiça excelsa não permite uma só ação sem a devida reação, nenhuma causa sem o respectivo e proporcional efeito. São os evoluídos espíritos, já alinhados a essa vibração, que dirigem os chamados Tribunais da Reecarnação.
No enfoque astrológico, a vibração de Xangô se manifesta pelo planeta Júpiter. O maior do sistema solar e o que tem o maior número de satélites em seu redor, todos batizados com nomes de amantes, conquistas ou filhas do deus romano Júpiter (ou sua forma grega Zeus).
O deus greco-romano era conhecido por possuir o controle do céu, o Olimpo, pelas inúmeras parceiras e por ser o senhor dos raios. Qualquer semelhança entre o mito do Xangô yorubano não é mera coincidência. As sete vibrações originais se fazem presentes das mais variadas formas e nas mais diversas civilizações da humanidade. A verdade divina foi passada há tempos mas deturpada pela mente frágil do ser humano.
O arquétipo de Júpiter na astrologia se amolda tão diretamente a Xangô que não precisamos detalhar as conexões.
Na prática do terreiro Cabocla Jurema, sua cor de representação é a marrom, na vibratória da Justiça, por representar imparcialidade e distanciamento racional necessário para a análise das questões kármicas no julgamento do mérito de “cada um segundo as suas obras”.
Goiânia, 31 de outubro de 2016.
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