Olá, pessoinhas!
Passamos uma semana um pouquinho conflituosa por aqui (E eu achando que não se sofria naZoropas... 😂).
Imaginem vcs: morar com os pais, irmãos, namorado (ao), esposo (a) não é fácil. Então morar com pessoas desconhecidas é menos fácil ainda. Agora adicione à essa mistura: pessoas de culturas diferentes + muitas pessoas.
Bom... é isso.
Decidimos por morar agora em outro apartamento. Tomara que desta vez dê certo.
Oremos! 🙏
Mas, para que isso acontecesse, para de fato resolvêssemos sair da nossa zona de conforto e também assumir nossos erros, foi necessário o "conflito". Como dirá o texto a seguir:
"Para qualquer processo de mudança, iniciação de um evento ou de um processo há conflitos para que ocorram os ajustes. Esses conflitos são necessários para que consigamos alcançar um próximo passo."
E
"Não há evolução, sucesso ou progresso sem disciplina e organização."
E tenho certeza que foi e é essa uma das vibrações que tem nos ajudado e nos movido.
Mas de quem é essa vibração?
Ogum, o Senhor da Forja.
E, antes de começar, os tópicos iniciais de praxe:
- De modo geral, na Umbanda, e especialmente no Cabocla Jurema, não acreditamos que os Orixás sejam deuses, tal como ocorre no Candomblé. Portanto, não os cultuamos de tal forma. Acreditamos que eles são representantes dessas energias/vibrações divinas e se expressam através das mesmas.
- Muito gentilmente, o Téo disponibilizou seu email para possíveis dúvidas: teofiloneves@gmail.com. Desta forma, gostaria de pedir a quem fizer uso desta ferramenta que tenha bom senso. Afinal, este também é seu email profissional. De preferência, identifiquem o email em "assunto".
- Segue abaixo um "mapa" dos 7 Chákras principais e os Orixás correspondentes. Lembrando que a cor na imagem não representa a cor do chákra, mas sim a cor do orixá representante.
LEMBRANDO QUE:
- Aqui não há espaço para intolerância. Vc pode (e deve!) discordar. Porém, como este não é um espaço para debate, guardemos isto para um espaço conveniente.
- Perguntas são muito bem vindas (que responderei à medida do que eu conseguir).
- As práticas e percepções da Umbanda podem variar entre os diferentes terreiros.
- Os textos aqui divulgados são de autoria de Teófilo Alves Neves que, indubitavelmente é inspirado pela Espiritualidade Amiga e serão transcritos na íntegra como me foram passados.
- Os textos que serão publicados com este tema não têm o menor objetivo de "converter fiéis". Não acreditamos neste tipo de fé, mas sim em uma fé baseada na razão. O objetivo é divulgar uma Doutrina belíssima, que é baseada na paz, no amor e na caridade, mas que ainda é pouco conhecida e que, infelizmente, sofre com pré-conceitos.
- Por não serem textos apenas para os crentes nessa Dourina, é uma fonte interessante para aqueles que querem apenas matar a curiosidade.
E agora, com vcs:
OGUM
Guerra. Confronto. Demanda. Palavras que no contexto da Umbanda são quase que sinônimas de Ogum. Mas como algo divino, direcionado para o bem, por excelência, pode ter tais acepções?
Antes de nos dedicarmos a explicar tal questão, é necessário que façamos nossa costumeira referência aos orishás no culto de origem africana que aportou no Brasil. Ògún é para os cultos de origem yorubana, em princípio, o senhor da forja¹. Isso vincula a ele o ineditismo em ousar, em realizar e aprimorar as coisas de modo engenhoso. É Ògún que entrega aos homens a arte de elaborar ferramentas e armas preparadas pelo fogo e com o ferro. Alguns mitos afirmam que foi ele o primeiro orishá a pôr os pés na terra deste mundo recém-criado, com a finalidade de organizá-lo para semear a vida humana. Lembremo-nos que foi Oshalá quem descortinou as trevas, mas quem se lançou sobre a terra foi Ògún.
Com o passar do tempo o culto ao orishá que manipula o fogo e o ferro agregou sobre a figura de Ògún também a habilidade de guerrear, pois do confronto destes dois elementos se extraem armas de combate: espadas, escudos mais resistentes, pontas de flecha e de lança etc. Assim, a figura de lutador se mostrou mais evidente e vinculada ao orishá que a de ferreiro; e tendo as habilidades de um bom soldado Ògún é forte, destemido, audacioso e enérgico, tanto na defesa como no ataque. Sua
coragem e fúria são incomparáveis. É um vencedor!
São com esses atributos que no sincretismo o orishá foi conectado mais fortemente a São Jorge, o Santo Guerreiro, que em sua história diz que foi um legionário romano e em sua imagem figura enfrentando um dragão. Aqui também há, assim como no sincretismo Jesus-Orixalá e Maria-Yemanjá, um culto muito difundido nos terreiros de Umbanda a ponto de quando se quer representar a figura de Ogum no altar se utiliza da imagem de São Jorge.
Diante de todo esse perfil de Ogum voltemos à questão inicial: o que há de divino em um Orixá que se impõe pela força? De antemão ressaltamos a importância em relembrar que a Umbanda é uma religião sintética, de modo a capturar das doutrinas filosófico-religiosas que a inspiram seus elementos essenciais; assim, nos ensinos do Centro Espírita Cabocla Jurema, Ogum é a vibração planetária da ordem. Não há evolução, sucesso ou progresso sem disciplina e organização. Para qualquer processo de mudança, iniciação de um evento ou de um processo há conflitos para que ocorram os ajustes. Esses conflitos são necessários para que consigamos alcançar um próximo passo.
Vejamos o exemplo do mito sobre a forja de Ogum que ilustra muito bem que para do ferro, duro e sem forma, atingir um significativo padrão de resistência e corte precisa ser aquecido, derretido, fundido, dobrado, batido etc. Repeti-se diversas vezes o mesmo processo para que se tenha a forma desejada. Nada mais é que a disciplina e persistência para atingir as metas, os resultados. A força de Ogum está na disciplina que construímos para chegar em objetivos vitoriosos. A mesma correlação se pode fazer sobre o soldado em defesa ou em ataque: a determinação em atender o comando e a obediência às normas militares é fundamental para o sucesso de qualquer empreitada bélica. Disso é que extraímos que Ogum é a Lei, em sua compreensão prática, os desígnios de Zambi em seu fiel cumprimento.
Para maior esclarecimento façamos distinção entre a vibração de Orixalá e Ogum. Na primeira maneja-se o objetivo, o direcionamento, o norte; na segunda, concentra-se na disciplina, na organização e na força que nos movimenta a alcançar a meta. Ambas as vibrações trabalham na Lei só que em Orixalá há o seu mandamento e em Ogum a sua efetiva aplicação.
Retomando, para a concretização da Lei necessita-se de muita força, de tal grandeza que é capaz de arrastar o que preciso for para que se efetive, de tal sorte que, quando se impera diante do caos ocorre muita confusão, normalmente fruto da desorganização presente no momento e que precisa desfazer-se para o domínio da ordem. Tal força é tão decisiva e contundente que promove mudanças, verdadeiras
revoluções na vida das pessoas e como, em regra, não alcançamos a dimensão dos mandamentos divinos e durante a demanda achamos que estamos em guerra e que todo confronto é ruim, o que é um equívoco.
Quando analisamos o processo de evolução científica, por exemplo, as principais conquistas se deram em razão da existência ou iminência de um conflito. O confronto exige de nós mudança para nos reposicionarmos diante do quadro grave que nos apresenta. Certamente nas grandes guerras, nas epidemias ou nos desastres que assolam a humanidade há muito do império da vibração de Ogum. Devemos nos atentar que muitos desses eventos são complicações da ação daninha do ser humano pelo mal uso de seu livre-arbítrio, o que não impede que Tupã permita a realização desses eventos para o aprendizado evolutivo ainda exigido num mundo de expiação e prova.
Caminhando para outro estágio de nosso estudo temos que o santuário natural mais afinado para a expansão da energia da vibração de Ogum é o campo. Entendemos como campo as porções mais planas de terra na qual a vegetação imperante é formada por gramas. O que mais destaca o campo é a capacidade de que tudo nele tem propensão para correr e se expandir, seja o vento ou o fogo. Nele não há barreiras ou limites, não a toa era o local ideal de combate para os exércitos mais disciplinados e preparados.
Ogum está fortemente ligado às vibrações ígneas. O fogo é ferramenta contundente de transformação física e astral, funcionando como elemento com alto grau de reforma energética. O fogo desintegra, expande e impulsiona energias. Dar o tom mais adequado é função bem exercida por espíritos finados com a Vibração de Ogum. Há, no entanto, várias manifestações em que movimentam mais outros elementos ou imperam em outros Santuários Naturais. Por isso, existem várias formas de Oguns, que inclusive são popularmente conhecidos: Ogum Beira-Mar (mar); Ogum Rompe Mato (matas); Ogum Megê (cemitérios e hospitais) e; Ogum Yara (rios). Em todos os casos, agem na expansão energética para realizar o choque da mudança, visto que Ogum é a vibração da Lei e da Ordem.
Face ao que foi exposto sobre a vibração, tamanha força e expansividade energética da vibração de Ogum, só encontra correspondência no sistema chácra no Plexo Solar.
Posicionado logo abaixo do fim do osso esterno, bem acima do estômago, é o centro energético responsável por coordenar os processos digestivos, portanto, é o possuidor de verdadeira usina de força de onde nosso organismo físico extrae grande parte da energia para a sobrevivência na matéria em consequência da absorção da nutrição alimentar.
O termo Plexo Solar faz uma referência direta a imagem vista por muitos videntes de que no local brilha uma energia tão forte que mais parece um Sol a se destacar em nosso organismo, assim o é por concentrar-se neste chácra muito conteúdo bioetérico derivado do processo digestivo, mas também por ser nele que se concentra o Poder Pessoal, que define em muito nosso ego e nossa autoconfiança.
Quando nos referimos a bioetérico, falamos da junção das energias orgânicas, vinculadas ao nosso corpo físico, biológico, e da sua contraparte astral fruto das energias absorvidas e dispersas pelo nosso corpo perispiritual, cujo conteúdo envolve também muita energia mental.
A autoconfiança está intimamente ligada à capacidade que temos de fazer valer nossa vontade ante as dificuldades do caminho. Com tal capacidade equilibrada nos mantemos motivados para atender àquilo que nos propomos a fazer, sendo capazes de movermos não só nós mesmos, mas também as pessoas que estão ao nosso redor. Quando bem inspirado é o chácra do otimismo e vibra na cor amarela.
No entanto, o desequilíbrio desse centro energético transforma a autoconfiança em arrogância e em desrespeito quanto à opinião ou vontade do outro. Na outra ponta do problema, quando vibra em baixa energia apresenta-se por submissão, fragilidade e por um sentimento de incapacidade, exatamente pela falta de confiança em si.
Trata-se de um chácra inferior (ver definição nos capítulos anteriores), responsável em manejar bastante conteúdo emocional principalmente os frutos de nossa expansão energética direcionada sobre o que fazer e como realizar as coisas que queremos. É no plexo solar que congregam as energias de nossas alegrias das conquistas e as tristezas das frustrações; local em que ambas as energias em desequilíbrio nos encaminham a tal estado de ansiedade que tendem a atacar nosso
corpo físico engendrando, por exemplo, gastrites e úlceras em seu principal órgão de correspondência.
Tanto o chácra como o Orixá Ogum, seu regente, estão sempre associados ao nosso direcionamento no trabalho de cunho profissional, pois muito do foco para realizarmos as coisas em nossas vidas está vinculado a esta energia que alimenta nossa vontade em vencer e nos mantêm disciplinados e decididos no que almejamos. É uma vibração sempre de intenso e constante movimento.
Numa concepção astrológica de Umbanda Ogum representa-se por Marte, o planeta vermelho, que simboliza potência energética e a iniciativa.
Na prática ritual do terreiro Cabocla Jurema utiliza-se a cor vermelha para representar Ogum em referência à luta e à guerra, conflitos necessários para que Lei de Oxalá se realize.
Portanto, para vencermos as demandas: Salve Ogum! Ogunhê!
Goiânia, 02 de março de 2017.
(¹) 1 Local onde metais, especialmente ferro, são fundidos e moldados e se produzem objetos metálicos; frágua, fundição; 2 Conjunto de fornalha, bigorna, fole e malho, os instrumentos de trabalho do ferreiro; 3 Armadilha com que se apanha caça grande; forje.