Oi, gente!
Eu me envergonho em dizer, mas esqueci nosso estudo!!! 😟
Desculpem-me!
Bom, mas o legal é que hoje, dia que eu lembrei, é dia das mães aí no Brasil (aqui é no primeiro domingo que maio) e teremos o estudo sobre nossa Mãe Yemanjá. Não é significativo e lindo? 💓
E, claro!, antes de passar para o texto do Téo, seguem os tópicos iniciais:
- De modo geral, na Umbanda, e especialmente no Cabocla Jurema, não acreditamos que os Orixás sejam deuses, tal como ocorre no Candomblé. Portanto, não os cultuamos de tal forma. Acreditamos que eles são representantes dessas energias/vibrações divinas e se expressam através das mesmas.
- Muito gentilmente, o Téo disponibilizou seu email para possíveis dúvidas: teofiloneves@gmail.com. Desta forma, gostaria de pedir a quem fizer uso desta ferramenta que tenha bom senso. Afinal, este também é seu email profissional. De preferência, identifiquem o email em "assunto".
- Segue abaixo um "mapa" dos 7 Chákras principais e os Orixás correspondentes. Lembrando que a cor na imagem não representa a cor do chákra, mas sim a cor do orixá representante.
LEMBRANDO QUE:
- Aqui não há espaço para intolerância. Vc pode (e deve!) discordar. Porém, como este não é um espaço para debate, guardemos isto para um espaço conveniente.
- Perguntas são muito bem vindas (que responderei à medida do que eu conseguir).
- As práticas e percepções da Umbanda podem variar entre os diferentes terreiros.
- Os textos aqui divulgados são de autoria de Teófilo Alves Neves que, indubitavelmente é inspirado pela Espiritualidade Amiga e serão transcritos na íntegra como me foram passados.
- Os textos que serão publicados com este tema não têm o menor objetivo de "converter fiéis". Não acreditamos neste tipo de fé, mas sim em uma fé baseada na razão. O objetivo é divulgar uma Doutrina belíssima, que é baseada na paz, no amor e na caridade, mas que ainda é pouco conhecida e que, infelizmente, sofre com pré-conceitos.
- Por não serem textos apenas para os crentes nessa Dourina, é uma fonte interessante para aqueles que querem apenas matar a curiosidade.
YEMANJÁ
“Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona Iemanjá”
(Iemanjá Rainha do Mar . Comp. Pedro Amorim /
Sophia De Mello Breyner)
Comecemos o estudo desse Orixá pelo primeiro trecho desta música cantada por Maria Bethânia, uma das principais interpretes brasileiras, por exprimir bem as muitas conexões que popularmente se tem da Mãe D’Água. Na canção os nomes que lhe fazem referência são diversos exatamente pela enorme popularidade do culto em várias formas religiosas da cultura brasileira, mas que têm um motivo central que uni todas essas acepções de Yemanjá: o Amor.
Os mitos de origem yorubanos colocam-na muitas vezes como um orishá inicial. Está entre àqueles que foram os primeiros a serem criados por Olorum (Deus), sendo ela responsável pelo manejo das forças virginais da água que fez surgir todo mundo de matéria no qual vivemos. O que não surgiu pela intervenção direta de Yemanjá o foi pela ação de outros orishás, que em sua grande maioria, na mitologia, são seus filhos, tendo como pai o orishá Oshalá. Isto coloca-a como a grande mãe do mundo, ante um panteão tão recheado de orishás em que cada um apresenta um perfil de defeitos e virtudes que os colocam sempre em conflito, ela é a única que tem o respeito de todos. O candomblé, por isso, a tem como um ícone de união e de proteção à família.
Maternal, protetora da família e mãe de todos são características reverenciadas em Maria de Nazaré, mãe de Jesus. No processo do sincretismo histórico os negros e os missionários cristãos fundiram as duas figuras a tal ponto que muitos terreiros de Candomblé e Umbanda não as distinguem em seus cultos rituais. Algo muito similar ao que acontece com Oxalá(Orixalá) e Jesus. Ambas, também, apresentam um papel de intercessora dos que sofrem. Por exemplo, conta-se uma lenda que o orishá Omolu, quando nasceu, sua mãe, Nanã Buruque, percebendo-o muito doente e cheio de feridas e prestes a morrer, deixa-o na praia para morrer com o subir da maré. Yemanjá, ao perceber do que se tratava intervém salvando-o e cuidando de suas feridas; passando a criá-lo como seu filho.
Outro mito diz que, apesar de não ser a orishá que cuida da gestação, é a que está vinculada ao parto, sendo quem pega o bebê do ventre quando do nascimento, daí ser conhecida como a “Senhora da Cabeça”. É aqui que surgem mais vínculos com Maria de Nazaré, especificamente com a imagem de Nossa Senhora da Luz (ou da Candelária ou das Candeias), por estar atrelada a ideia de proteção ao parto. Por isso, em 2 de fevereiro, dia em louvor à referida Santa, ocorrem as maiores festas em reverência a Yemanjá.
Fizemos, até aqui, diversas referências nas lendas yorubanas e no sincretismo para assentarmos que, sinteticamente, nos preceitos do Centro Espírita Cabocla Jurema, Yemanjá é o trono divino do afeto, da compaixão e da união. Sendo Deus o amor, Yemanjá é a força que nos toca para sentirmos o outro, o próximo. Não se trata de uma “deusa” ou de uma santa, mas de uma vibração de Zambi.
É a vibração que promove a integração sentimental do indivíduo com a sua coletividade. É ela que impera quando estamos em comunhão com nossa família. É a energia divina que nos coloca voluntariamente à disposição em ajudar nos trabalhos de caridade. É nessa força que se funda as afinidades “inexplicáveis” entre pessoas que há pouco se conhecem, mas se compreendem, como nas ditas almas gêmeas.
Muitos espíritos vinculados a essa linha original se dedicam ao socorro daqueles que, sedentos de carinho e desesperados pelos sofrimentos causados por seu karma constituído, necessitam do acolhimento e do olhar de atenção desmuniciado de julgamentos. Somente com o afago e o ouvir de suas lamúrias. Como sabiamente declarou nosso querido Preto Velhos Pai Benedito quando do celebrar de uma união em casamento: “Quem ama, filho, não julga!”.
Outra conexão da síntese do orishá com sua atuação real na Umbanda é com as águas, sejam elas do mar ou dos rios. A água é o elemento natural de manejo mais concentrado de Yemanjá. Servem para refrescar o queimar dos sofrimentos, sejam eles de natureza mental ou bioetérica, mas também para higienizar. Da mesma maneira que o mar tem o poder de tragar todos os dejetos que descem pelos veios dos rios, a água, em sua contraparte astral, pode magnetizar uma infinidade de energias deletérias para que as mesmas sejam absorvidas pela terra após a decantação vibratória.
Não se pode esquecer que para a ciência água é vida, inclusive, a mais aceita teoria da evolução biológica no planeta Terra indica que as primeiras formas de vida surgiram nos mares. Será mera coincidência a lenda da Orishá yorubana dizer-nos que a vida na matéria surge do mar, o Santuário Natural de Yemanjá? O estudo sintético do Centro Espírita Cabocla Jurema entende que não, pois somente o poder condensador das águas salgadas poderiam dar condições para o princípio do acoplamento bioetéricoespiritual (corpo físico + perispírito + espírito) no engendrar da vida.
Na manifestação do terreiro, os guias espirituais que trabalham no trono de Yemanjá apresentam-se, em regra, de modo muito sutil, suave. Esbanjando gentileza, tranquilidade e inspirando a segurança de um lar. Tal energia é tão sublime que, em trabalhos comuns, tais entidades no processo da incorporação(psicofonia) mais intuem seus “cavalos” do que os dominam, mesmo em se tratando de médiuns inconscientes (mecânicos). Agora, quando a imantação e limpeza energética exige maior força, seu movimento é intenso e compassado como o quebrar das ondas.
Yemanjá é, portanto, a manifestação do sentimento e a seu turno expressa-se através do chacra Cardíaco, vital para o movimento dos fluxos energéticos do corpo etérico e do corpo físico, por manifestar-se preponderantemente pelo coração e pulmões.
Trata-se de um centro de equilíbrio dos demais chácras servindo como amenizador e condensador dos conflitos expressados por estes. Enquanto o chacra Laríngeo age como intermediário entre razão e emoção, que culminará na forma como nos expressamos com o mundo externo pela comunicação, o Cardíaco absorverá toda a carga emocional e racional formada pelo indivíduo, de modo a processar tudo em forma de sentimentos.
Para não restar dúvidas quanto a diferença: pelo Laríngeo é como exteriorizamo-nos; o Cardíaco é como interiorizamos a todas as questões que nos acercam. Enquanto o primeiro é meio de expressão dos outros chacras superiores(coronário e cardíaco) e de todos os quatro inferiores(cardíaco, plexo, sacral e básico), o segundo é meio de impressão dos três superiores e dos três inferiores. Por um comunica-se, pelo outro emociona-se. Percebam que a ação, como sempre, é integrada!
A título de exemplo, é o que ocorre com nossas memórias mais marcantes, sejam saudosas ou traumáticas, pois são fruto de fatos recheados das sensações do momento. Tais sensações são exatamente a condensação das energias mentais advindas dos demais chacras o que promove uma expansão de tal ordem neste centro de força que faz dele o de maior dimensão. Para se ter uma ideia, quando uma pessoa encarnada é vista em desdobramento no plano espiritual o vínculo com seu corpo físico, que é percebido pelo cordão de prata¹, tem seu ponto de maior nitidez na região do Cardíaco.
Portanto, nada como estarmos envoltos de bons sentimentos, pois isto nos possibilita dar um tom mais brando aos problemas que nos cercam. Com o chacra Cardíaco equilibrado é possível amenizar emocionalmente o fluxo dos demais chacras. Isso é muito nítido na prática do atendimento do terreiro Cabocla Jurema, pois quando o consulente está em significativa desordem emocional, as entidades, em regra, direcionam os passes magnéticos para a região do Cardíaco. Nesse processo, mesmo os demais chacras estando em desequilíbrio, o cardíaco distribuirá para cada um a energia na medida da necessidade.
Estamos diante de um chacra que quando imanado positivamente reflete em gratidão e generosidade, que são formas de movimentar o perdão e a união do seu Orixá regente. No entanto, quando desequilibrado promove o contrário, incitando egoísmo e ressentimento.
Verde é a cor deste chacra quando em equilíbrio.
Há quem prefira dizer que é a vibração do amor, no entanto, para buscarmos uma compreensão mais transparente desta força e deixarmos bem claro que todas as sete linhas de Umbanda nos direcionam para o Amor, fazemos questão de diferenciar os termos para evitar confusões terminológicas pela falta de melhor vocabulário.
Dentro de uma concepção astrológica de Umbanda, Yemanjá se faz representada pela Lua, por ser este o astro que tem relação direta com o ritmo das marés e com nosso sentimento.
A tradição do Centro Espírita Cabocla Jurema dedicou a Yemanjá a cor azul para suas velas e demais representações por causa do “azul das águas”.
Uma pergunta específica pode não ter sido respondida: afinal, Maria de Nazaré é a Orixá Yemanjá? Não. Maria de Nazaré não é a Orixá original Yemanjá, mas é sim um dos espíritos que trabalham sob este trono e tem uma atuação imensurável no plano espiritual, responsável por uma legião de seareiros sob o nome de “Servos de Maria”, que prestam socorro, por exemplo, a espíritos suicidas. Deixemos claro que ser a genitora de Jesus não era missão para ser desempenhada por qualquer pessoa. Maria foi a eleita por já ter adquirido em existências anteriores bagagem moral afinada com a hierarquia crística, a inteligência dos Orixás, pois já alcançou a angelitude. Lembremos que a vibração das águas é original, por isso anterior até mesmo às primeiras formas de vida no planeta.
Goiânia, 10 de fevereiro de 2017.
(¹) Filamento energético de origem astral e física que se faz visível, para os espíritos e para alguns médins, em tons de cor prateada. É consequência da comunhão das energias oriundas das conexões entre o corpo físico e o corpo espiritual (perispírito) quando do separar dos dois corpos em processos de sono ou desdobramento. Portanto, é uma consequência e não um corpo em si, sendo possível somente em seres encarnados, visto que os desencarnados não mais possuem corpo físico. Não é possível rompê-lo, “cortá-lo” ou enrolá-lo, como muito temem! Só se desconecta com o fim da existência física (morte).